25 fevereiro 2007

Ó Mc Roger-patrão, oiça o Bossac-farto-de!





O MC Roger ocupa hoje as seis colunas das centrais do semanário "domingo". Lá ele fala do seu muito ouvido "patrão". Patrão é patrão. Sempre. Patrão atrasa salário? É patrão sempre e atrasar a pagar salários é apenas "ligeiro atraso". Enfim, ser patrão e aceitar patrão é coisa natural para o rapista moçambicano, um dos mais paradigmáticos reverenciadores deste país (edição de hoje, 25/02/07, pp. 14/15).
Mas, claro, nem todos cantam a mcrogerada patronal.
É o caso do Bossac, rapista português. Leiam as letras das três canções que aqui reproduzi, extraídas do seu mais recente trabalho, no topo dos hits portugueses.
Aproveite, ó Mc Roger!

9 comentários:

La Strega disse...

Continuo a pensar que ha espaco para tudo... Mc Rogers e Zicos, assim como Xtaca 0 e Trio Fam, entre outros.

As musicas como aparecem nao sao para consumo igual de toda gente... aparecem para publicos diversificados... por isso se diz que gostos nao se discutem.

Creio que e um exercicio inutil (no minimo) e autoritario (no seu extremo) pretender que todas as musicas sejam ao nosso gosto em termos de letras e sonoridade... nao haveria diversidade, nem motivo de debate.

No meu entender, em vez de mandar o Mc Roger aprender letras de um contexto que nada tem a ver com o nosso, deveria preocupar-se com o porque e que e tao popular uma letra e musica que a si o incomoda tanto.

Nao conheco a letra, devo admitir, mas pelo que ja lhe ouvi descrever, parece-me tipico do 'lingo' da juventude urbana, que caricaturiza realidades que pretende criticar. Ja pensou nessa hipotese?

As vezes ate as aparencias iludem...

JCTivane disse...

Massas só querem três coisas: patrão, deus e espectáculo.Tenho dito.

Carlos Serra disse...

Mas ó la strega: já reparou que me limitei simples e inocentemente a sugerir que o Roger ampliasse a sua cultura temática?

La Strega disse...

E justo pedir que ele amplie a sua cultura tematica... mas se calhar, na sociedade por onde anda(mos) nao ha muita cultura e menos ainda tematica por onde escolher...

Ok... estou a ser um pouco minimalista e generalista, sei... mas e que considero tao simplista simplesmente cair sobre o mensageiro...

Ele quer la saber... as massas consomem-no... assim para que precisa ele de se expandir se esta bem mesmo assim?

ninozaza disse...

Concordo plenamente com o Dr. Carlos Serra e recomendava que o Mc Roger também le-se um pouco o Gabriel Pensador. E caro la strega, as realidades sociais não são tão diferentes assim como o senhor quer deixar transparecer....

La Strega disse...

Sou mulher, caro ninozaza... e nao quis fazer transparecer que as realidades sociais sao diferentes na sua totalidade... mas os contextos e e as linguagens sao... Nao creio que se o McRoger usasse metaforas como as do Gabriel o Pensador e do Boss AC teria o sucesso que tem em casa. Ou sequer se seria entendido.

O Mc e um populista. E canta na linguagem e sobre assuntos que sabe que vai apelar a um publico que ele conhece muito bem. E faz para vender. E tem sucesso nisso.

O Gabriel e o Boss apelam a um outro publico. Em alguns momentos parte desses publicos intersectam-se. Mas na sua maioria nao creio que isso aconteca.

A pobreza das letras ou das tematicas do Mc nao sao, a meu ver, sintomatico de uma incapacidade ou pobreza de espirito. Sao reflexo, isso sim, de uma pobreza na nossa exigencia como publico.

A musica pimba, sem qualidade e desqualificada e como a prostituicao... incomoda muita gente e recebe muitas criticas... mas continua a ser consumida. Para que bater no Mc? Ele faz bem ao que se propos. Vender o seu produto.

Eu, pessoalmente nao compro o Mc. Mas vou la discutir com o meu visinho que o compra que ele nao presta e que acho que Lokua Kanza, K-10 e Ray Phiri e que sao musica de qualidade?!

Isso e ser-se pretencioso. Isso e querer impor os meus padroes e gostos sobre os outros. E isso eu acho incorrecto.

Quando nos, como sociedade tivermos a capacidade e a necessidade de discutir todos os nossos assuntos de uma forma menos superficial, vao ver como o Mc ou desaparece, ou expande a sua tematica.

Carlos Serra disse...

De facto, o problema é que Mc Roger coloca no mercado produtos que, aparentemente, certo tipo de público aprecia e consome bem. Podemos e devemos estudar quer os fenómenos do tipo mcrogerismo, quer os gostos de quem o alimenta e o reproduz. Falta, na nossa sociologia, um tipo de trabalho como o que Pierre Bourdieu fez em França, com o estudo dos gostos, das estruturas sociais incorporadas e por aí fora. Talvez eu tente um dia uma coisa desse género.

Anónimo disse...

Não se compara Mc roger com um Boss AC, com um Gabriel Pensador , Mc é Mc, Boss é boss.
Agora em outubro saiu um album novo do rapper Valete, penso k todos deveriam tentar ouvir pois ele fala akilo k todos tem medo de falar, mas gostam de ouvir , visitem o site horizontalrecords.com, e respondam-me. Duas caras e 100 paus(Gpro), trio fam no famoso Au suke Com a falecida Zaida, já fizeram coisas boas , estaka zero tentou mas parece k não conseguiu, se manter no nivel.

Eu no meu ver se o Rap k é feito em Moçambique tivesse mais teor interventivo muita gente o consumiria, os problemas são muitos, mas quem reclama são poucos ou ate nenhum reivindica tais problemas.
Por isso k os dou-te , dou-te vai se manter enquanto não aparecer alguem a proceder ao contrario.
Não sou bom a conjugar palavreado, mais penso k a ideia chave ficou , k se faça mais coisas de intervenção e não esse pudor k vivemos todo santo dia ate Maboazuda parte 2 ja se fez , o k diz nada , porke em vez de negra mulata , apanha ele passou a dizer nome de bairros , k akela do magoanine , da sommerchield , da polana apanhou , vamos embora, como disse o homen dos Pintainhos o ouvido é prostituta.
Paz

Carlos Serra disse...

Vou ver o site...Obrigado!