29 julho 2008

Do poder dos universitários (6) (continua)

Mais um pouco da série.
Não importa em que área do saber científico, as universidades são templos profanos nos quais três fenómenos são profundamente produzidos e reproduzidos:
1. Regras de pesquisa e de exposição dos resultados
2. Combates pela aprimoração e pelo monopólio da verdade científica
3. Colecção de insígnias e de rituais destinados a manter e a demarcar a verdade dos cardeais do saber científico.
Deixei algumas notas para os pontos 1 e 2.
Vamos agora ao ponto 3.
O mundo universitário é verdadeiramente um mundo de rituais - dos professores aos estudantes iniciados em sucessivos momentos de progressão na maturidade científica -, rituais que, a cada momento, têm por função assinalar a gesta daqueles que, em seus laboratórios, gabinetes e trabalhos de campo, têm por função produzir e disciplinar o conhecimento científico.
Já vos falei das regras de escrita e apresentação de resultados, por exemplo.
Mas o mundo universitário é, também, um mundo de reajuste corporal, de reorganização corporal, de divinização profana. Na verdade, não é qualquer corpo que frequenta a universidade: é um corpo produtor de saber especializado, destacado das massas do senso comum, um corpo da aristocracia do saber, divorciado da produção diária dos meios de produção comezinhos.
Por isso sofre uma grande transformação. Pense-se nas togas e nas becas, no andar majestoso, no falar pausado e cardinalício, nas cerimónias de graduação, nas defesas de tese, nas orações de sapiência, etc.

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