25 abril 2009

A incógnita de Maúa

Segundo o "Notícias" de hoje, os habitantes do distrito de Maúa, província do Niassa, têem abandonado os seus povoados emigrando para outras terras, deixando para trás fontes de abastecimento de água. O que leva esses habitantes a deixar Maúa? Procura de terras mais férteis? Confira aqui.

4 comentários:

umBhalane disse...

Tem que se estudar o fenómeno, o porquê.

Anónimo disse...

" ... à procura de terras mais férteis."

> Maúa é um distrito com 7.976km2, rios permanentes, bons solos, chuvas regulares, da ordem dos 800 a 1000mm anuais, ou seja: tem tudo para ser um próspero celeiro para os seus menos de 60 mil habitantes (do distrito)mas também para se afirmar como "exportador" para zonas do país, menos previligiadas em recursos naturais.

> Dizer que as populações se deslocam à procura de terras férteis É ASSUMIR que não há política agrícola, ou, existindo no papel, não funciona.

> A população do Distrito de Maúa continua REFÉM da produção itenerante, nómada, de há séculos: trabalha os solos até que sua fertilidade se esgote; depois, muda a casa para a proximidade de terras mais férteis, virgens, não trabalhadas.

> Fazer AGRICULTURA é trabalhar a terra usando técnologias e factores de produção que tornam a terra, ano a ano, mais produtiva.

Confundimos produção familiar (tradicional, com rotação de terrenos em vez de rotação de culturas) com Agricultura.

> Cabe ao Estado, enquanto o sector privado não for capaz de o fazer com eficiência (e hoje não é, eventualmente, por falta de incentivos para tal):
(i) a divulgação de tecnologias no mundo rural,
(ii)assegurar o acesso a factores de produção;
(iii) garantir condições para a pré-industrialização, industrialização e comercialização de matérias primas e produtos processados no meio rural.
(iv) Garantir um equilibrio entre interesses de operadores turísticos e a população (conflito Homem/aninais em zona de reserva no Niassa)

> A quem quiser ter uma ideia da realidade do distrito de Maúa, sugiro uma vista de olhos ao site:

www.undp.org.mz/en/content/download/612/2702/file/Maua.pdf

AM.

Anónimo disse...

Caro AM,

o seu comentario parece-me minimista. muito minimista.

parece-me que existe mais alguem interessado nessas terras ferteis.

prefiro esperar para ver.

Anónimo disse...

Caro anónimo anterior,

> Sem MINIMIZAR o voráz apetite por terras férteis, por parte das nossas elites, para servirem como capital para a sua participação nos mais variados empreendimentos (jatrophas, etanol, turismo etc.,)em parcerias com investidores externos,

entendo MINIMALISTA /demasiado redutor, encontrarmos nessa realidade a PRINCIPAL causa para o noticiado abandono de terras em Maúa.

> É frequente o abandono de terras exauridas, em busca de outras mais férteis, porque as infra-estruturas de apoio à produção, comercialização, armazenamento, transformação e venda não funcionam, logo, a produção e produtividade caiem em Flecha!

> Qundo tal se verifica, numa agricultura de sobrevivência, a solução é partir!

> Ainda sobre a ocupação de terras para agricultura, turismo e outras actividades, o Regulamento da Lei de Terras obriga a que se façam consultas ao Cadastro Provincial, Administrações e Comunidades (com elaboração de actas das comunidades, etc, etc.), como pré condição para a obtenção do DUAT (Documento de uso e aproveitamento da terra, que deve, obrigatoriamente, ser publicado em BR).

> Bem sei que os mais próximos do poder fecham os olhos a muita coisa (a troco de contrapartidas) e cometem-se, muitas vezes, barbaridades ... como no caso da Procana em Massingir.

AM