26 setembro 2009

(22) 26/09/09


Tenho a Rádio Moçambique online e estou a ouvir representantes de alguns partidos políticos da oposição apresentando ou tentando apresentar os seus programas. Montes de ideias e de sonhos, vozes tribunícias algumas. Quanto mais analiso esta campanha eleitoral, mais me convenço da vanidade dessas ideias e desses sonhos porque espartilhados em vozes múltiplas, divorciadas umas das outras, vaidosas muitas delas em seus minúsculos castelos paroquiais e em seus programas de pequenos remendos. Se algum dia quiser governar este país, a oposição terá, em meu entender, de trabalhar seriamente em várias coisas no futuro, duas das quais sugiro desde já: (1) unir-se em torno de uma única frente e de um único programa sólido e exequível, dirigido por quadros competentes e dedicados; (2) desparoquializar-se. É ridículo, por exemplo, dizer enfaticamente que é preciso desenvolver o país ou moldar desbragadamente uma proposta de programa governamental no programa do partido no poder, é ridículo assentar na promessa de doação de xis hectares de terra ou de uma casa a cada Moçambicano, na eliminação dos impostos, na construção de mais escolas e postos de saúde, na melhoria dos serviços policiais, no apoio descarado ao partido no poder mas dizendo-se da oposição, é ridículo basear-se em desvarios, ridicularias e chatas evidências dessa e doutra natureza. A oposição (falo dela como um todo, em função da quantidade de partidos existentes) deve convencer-se definitivamente de que só pode um dia gerir o Estado se (1) conseguir unir-se e (2) se dispuser de uma genuína alternativa popular ao programa do partido no poder, desejada pelo povo, trabalhada diariamente com ele anos a fio, uma alternativa que propicie uma vida mais solidária e colectivamente mais justa.
Adenda às 12:55: reparam bem que o texto acima assenta numa crença: a de que as pessoas votam em programas. Ora, isso pode não ser verdade, em parte ou no todo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Professor,

e preciso nao esquecer algo que faz muita diferenca.

Aquilo que eu chamaria equipas de trabalho.

Veja-se bem qual e o "perfil padrao" do nossos lideres dos partidos de oposicao...

Inacio Chire