31 março 2011

Costa do Marfim: a batalha pela presidência

A batalha pela presidência da Costa do Marfim aproximou-se hoje de uma fase decisiva quando as forças de oposição chegaram à periferia de Abidjan, o centro comercial do país - confira o The New York Times digital de hoje, aqui. Para traduzir, aqui.

Manifestações na África do Sul

A estação televisiva STV acabou de mostrar manifestações numa área da África do Sul cujo nome não fixei, com pessoas protestando contra as péssimas condições em que vivem. Ainda nada encontrei alusivo na internet.
Adenda às 20:32: as manifestações ocorreram hoje no assentamento informal de Zandspruit, perto Honeydew, noroeste de Joanesburgo, confira pormenores no Mail@Guardianonline, aqui, foto abaixo. Para traduzir, aqui.

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local: 
* Genéricos: Dossier "Savana" (5) (edição de 25/03/2011)
* Séries pessoais: A produção de desconforto para conforto social (6); Das mulheres de Bourdieu às mulheres de Touraine (8); Ditos (7); Os problemas do problema (4); Desmobilizados de guerra, mobilizados da história (5); Produção simbólica de saúde na cidade de Maputo (8); Cinco riscos espreitando os jovens cientistas sociais moçambicanos (11); Ditos (7); O lobo mau (5); Dos megaprojectos às mega-ideias (10); Mal-estar na civilização (11); O fim dos segredos, dos silêncios e das distâncias (9); O princípio da história (9); À mão a comida tem melhor gosto (10); Da cólera nosológica à cólera social (10); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (55); África enquanto produção cognitiva (23); Linchar à luz do dia: como analisar? (5) Somos natureza (8); Indicadores suspeitos e comoção popular (11); Vassalagem (4); Cientistas sociais são "sacerdotes"? (9); É nas cidades do país (9); Ciências sociais e verdade (12); Já nos descolonizámos? (13); Moçambique dentro de 30 anos (série) (6) (recordar aqui e aqui)

Igualdade agora

Sugestão: junte-se às campanhas contra a violência e a discriminação das mulheres no Equality Now, aqui. Para traduzir, aqui.

Mais de 140 milhões de raparigas e mulheres mutiladas

"A mutilação feminina não tem base cultural, tradicional ou religiosa. É um crime que exige justiça" - Waris Dirie
Segundo a Organização Mundial de Saúde, existem mais de 140 milhões de raparigas e de mulheres mutiladas no mundo e todos os anos mais de três milhões estão em risco de ser mutiladas. Confira aqui. Recorde postagens alusivas neste diário aqui, aquiaqui e aqui. Mapa reproduzido daqui.
Sugestão: permitam-me sugerir que se juntem ao Equality Now (eu sou membro), aqui. Para traduzir, aqui.

Milésima edição hoje

Aqui. Parabéns!

Mais dois linchamentos na Beira

Mais duas pessoas acusadas de roubo foram linchadas na Beira, confira aqui. O último linchamento nessa cidade data do dia 21, recorde neste diário aqui. Sugestão: siga a minha série com o título Linchar à luz do dia: como analisar? E, se possível, confira as obras com as capas logo abaixo:
 

411.ª foto

Da cesta básica às questões básicas

Para atenuar a carestia de vida, o conselho de ministros anunciou um novo conjunto de medidas. Entre estas e para introdução a partir de Junho, está "um subsídio de cesta básica para os que auferem rendimentos iguais ou inferiores a dois mil meticais. A cesta será composta por cereais, pão, peixe de segunda, óleo alimentar, açúcar e feijão. Com a introdução da cesta básica cessará o subsídio às panificadoras e ao arroz de terceira qualidade, porque o pão e o arroz farão parte da cesta básica."
Da cesta básica a três questões básicas: (1) Quais os critérios usados para definir o limite dos rendimentos das pessoas e o valor da cesta?; (2) Quem serão os beneficiários?; (3) Estão previstas medidas para explicar às pessoas os critérios adoptados e as razões por que uns terão cesta e outros não?
Adenda às 6:04: cerca de um milhão e oitocentas mil pessoas poderão ser abrangidas pela cesta em meio urbano, confira no "O País", aqui.

Dossier (4) (Edição de 25/03/2011)

Queira conferir a quarta parte de um dossier com peças do semanário "Savana" datado de 25/03/2011, aqui.
(continua)

A produção de desconforto para conforto social (5)

Escrevi no número inaugural desta série que a produção de desconforto para que haja conveniência e conforto social é um dos mais interessantes campos da vida dos gostos em geral e da ruptura para com o corpo-em-si em particular.
Continuo a tentar partilhar convosco algumas ideias que requerem pesquisa e comprovação.
A quarta ideia é a seguinte: o social é um permanente e contraditório casamento entre a ocultação do instinto e a reprodução transfigurada do corpo. Com a primeira manifestamos pudor; com a segunda, damos-lhe um novo estatuto.
Prossigo mais tarde.
(continua)

Cinco riscos espreitando os jovens cientistas sociais moçambicanos (10)

Prossigo a série.
Escrevi no número anterior que me falta o engenho para moralizar ou propor catecismos científicos. Todavia, tenho por bem que a humildade - uma profunda digamos que humildade operária - deve ser a coluna vertebral do jovem cientista social moçambicano, atento que precisa estar aos cinco riscos por mim sugeridos. Mas atento, também, a outros problemas, afinal riscos eles ainda, dois dos quais vou indicar: (1) a veneração pelos pais fundadores, pelos "clássicos" e (2) a veneração pelos pregadores, pelos proponentes de receitas.
Vamos ao início do segundo problema destas considerações finais, o problema dos pregadores ou, como propôs um leitor, dos evangelistas.
Todas as ciências têm aqueles que se encarregam de sintetizar e de manualizar a história, as correntes analíticas, as descobertas científicas, as técnicas de pesquisa e os métodos usados. Dar ordem ao que pode surgir como desordem é uma necessidade pedagógica.
Prossigo mais tarde.
(continua)
Adenda: muito provavelmente os cinco riscos passarão para sete ou, até, para mais, em trabalho a publicar futuramente. Não há mesmo caminho, o caminho faz-se caminhando como escreveu o poeta.

Desmobilizados de guerra, mobilizados da história (4)

O quarto número desta série.
Escrevi no número inaugural que faz anos que jornais, blogues e redes sociais se povoam com os desmobilizados de guerra do nosso país.  Regra geral, o tema está cheio de pronunciamentos, de condenações, de ameaças, de promessas de manifestações, de cancelamentos à última da hora, de acordos prometidos, de quase acordos, de acordos supostamente desfeitos, de acordos denunciados, uma real história de amor e ódio, de fidelidade e pecado. Creio que o mais recente relato está aqui.
Escrevi no número anterior que a guerra foi como que democratizada, que a história tem novos actores reconhecidos, que os desmobilizados de guerra de ontem são os mobilizados da história de hoje. Porém - acrescentei - resta um problema: o dos heróis.
O que é um herói? Vou tentar uma resposta um pouco longa: um herói é alguém a quem, colectiva, inter-subjectivamente (excluo a análise dos heróis pessoais), atribuímos qualidades extraordinárias, fora do comum, alguém que perdeu digamos que as suas qualidades humanas e se transformou numa espécie de deus terreno, de deus profano. Para enunciar um truísmo, um herói nunca existe a montante, mas a juzante das nossas representações sociais. A morfologia da heroicidade é, naturalmente, vasta e variada. O herói não tem um centro temático ou uma linha de pureza ou de impureza. Os impuros de uns são os puros de outros e vice-versa. Os heróis são tantos quantas as nossas necessidades em guias, em referenciais, em modelos de conduta, em territórios de combate. E, regra geral, consoante a intensidade e a extensão das lutas entre grupos sociais ou nacionais. Heróis são seres que, com o tempo, unificámos psicológica e socialmente numa matriz comportamental única e virtuosa, da qual eliminámos os defeitos e, até, as qualidades humanas comezinhas. Mas mais: em quem, muitas vezes, hipervalorizámos um aspecto de conduta (que pode ser motivo de retrabalho permanente e de acréscimo) deixando outros na penumbra ou na completa penumbra. Estas as razões por que certos heróis podem ser iminentemente políticos ou completamente políticos.
Prossigo mais tarde.
(continua)

Neosofistas

Face a um mundo de crescentes assimetrias sociais, certos neosofistas ampliam o seu arsenal de argumentos paralizantes no sentido de que (1) o real é uma construção dependente de pessoas e grupos, (2) o mundo é um conjunto de diferenças e de pontos de vista  e (3) portanto, não é desejável mudar a lógica das relações sociais.

30 março 2011

Da cesta básica às questões básicas

Dialéctica para reflexão

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local: 
* Genéricos: Dossier "Savana" (4) (edição de 25/03/2011)
* Séries pessoais: A produção de desconforto para conforto social (5); Das mulheres de Bourdieu às mulheres de Touraine (8); Ditos (7); Os problemas do problema (4); Desmobilizados de guerra, mobilizados da história (4); Produção simbólica de saúde na cidade de Maputo (8); Cinco riscos espreitando os jovens cientistas sociais moçambicanos (10); Ditos (7); O lobo mau (5); Dos megaprojectos às mega-ideias (10); Mal-estar na civilização (11); O fim dos segredos, dos silêncios e das distâncias (9); O princípio da história (9); À mão a comida tem melhor gosto (10); Da cólera nosológica à cólera social (10); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (55); África enquanto produção cognitiva (23); Linchar à luz do dia: como analisar? (5) Somos natureza (8); Indicadores suspeitos e comoção popular (11); Vassalagem (4); Cientistas sociais são "sacerdotes"? (9); É nas cidades do país (9); Ciências sociais e verdade (12); Já nos descolonizámos? (13); Moçambique dentro de 30 anos (série) (6) (recordar aqui e aqui)

Prismas

"Notícias" digital aqui e "Canal de Moçambique" aqui
Adenda às 11:40: prisma do "O País", aqui.

Samuel Vieira

Há na internet vários textos do guinense Samuel Vieira, graduado em ciências de computação. Ditaduras e democracias parecem constituir algumas das suas preocupações analíticas, por exemplo aqui e aqui (Eduardo Mondlane, Samora Machel e Joaquim Chissano surgem louvados neste segundo texto).

410.ª foto

Edições de hoje

As ideologias perante a Líbia

No blogue de Alberto Piris: "No prisma do pensamento que se tem por progressista ou das esquerdas (por confusa que seja esta expressão), a intervenção militar na Líbia provocou um debate que vale a pena estudar." Em espanhol aqui, para traduzir aqui

COSATU, Suazilândia e 12 de Abril

Segundo o Afrol News, a confederação sindical sul-africana COSATU planeia uma marcha até à Suazilândia em solidariedade para com os protestos aprazados no reino para 12 de Abril. Confira aqui. Para traduzir, aqui.

Apoiar os filhos de Omar al-Mujtar

Com o título em epígrafe, um trabalho de Lamis Andoni sobre a Líbia, em espanhol aqui, no original em inglês aqui.

Das mulheres de Bourdieu às mulheres de Touraine (7)

E se, por acaso, as mulheres gostassem mesmo de ser apenas só mulheres? E se gostassem de ser dominadas dominando pela feminilidade? Perguntas bizantinas, decerto, perguntas impertinentes para um certo feminismo masculinizado de hoje, perguntas que me levam a repetir uma série de 2007. Prossigo-a com mais este número.
Temos, assim, dois tipos de mulheres: as mulheres condicionadas e as mulheres livres.
As mulheres condicionadas são aquelas que são dominadas não tanto porque porque os homens as dominam mas porque aceitam, porque interiorizam a dominação. Por outras palavras, elas auto-dominam-se aceitando como indiscutível o comando androcêntrico. A dominação é um aguilhão que ficou e fica sempre dentro delas pelos mais variados canais (Pierre Bourdieu).
Prossigo mais tarde.
(continua)

Dossier (3) (Edição de 25/03/2011)

Queira conferir a terceira parte de um dossier com peças do semanário "Savana" datado de 25/03/2011, aqui.
(continua)

29 março 2011

Edição de hoje

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local: 
* Genéricos: Dossier "Savana" (3) (edição de 25/03/2011)
* Séries pessoais: A produção de desconforto para conforto social (5); Das mulheres de Bourdieu às mulheres de Touraine (7); Ditos (7); Os problemas do problema (4); Desmobilizados de guerra, mobilizados da história (4); Produção simbólica de saúde na cidade de Maputo (8); Cinco riscos espreitando os jovens cientistas sociais moçambicanos (9); Ditos (7); O lobo mau (5); Dos megaprojectos às mega-ideias (10); Mal-estar na civilização (11); O fim dos segredos, dos silêncios e das distâncias (9); O princípio da história (9); À mão a comida tem melhor gosto (10); Da cólera nosológica à cólera social (10); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (55); África enquanto produção cognitiva (23); Linchar à luz do dia: como analisar? (5) Somos natureza (8); Indicadores suspeitos e comoção popular (11); Vassalagem (4); Cientistas sociais são "sacerdotes"? (9); É nas cidades do país (9); Ciências sociais e verdade (12); Já nos descolonizámos? (13); Moçambique dentro de 30 anos (série) (6) (recordar aqui e aqui)

Segundo "mediaFAX"

Aqui. Versão do "Notícias" digital, aqui.
Adenda às 15:52: versão do "O País", aqui.

409.ª foto

Para reflexão

Simpósio sobre psicanálise, sexualidade e agressividade

O Departamento de Saúde Mental do Ministério da Saúde, a Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, a Universidade Pedagógica e a Associação Reconstruindo a Esperança, vão realizar um simpósio com o tema "Psicanálise, Sexualidade e Agressividade nos Nossos Tempos e Culturas", a ter lugar nas salas do Ministério da Saúde e da Faculdade de Educação Física da Universidade Pedagógica, cidade de Maputo, de 21 a 23 de Abril. As inscrições poderão ser feitas nos seguintes endereços: Centro de Psicologia Aplicada e Exames Psicotécnicos (cel  823036928, sras. Odete e Albertina); Associação Reconstruindo a Esperança, Firmino Malate (cel 824430240) e Francisca Canhemba (cel 823060177).

O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (54)

Mais um pouco da série.
Tal como escrevi no número 14 desta sérieno fim do século XIX começou um período de transição. Esse período de transição foi marcado por dois acontecimentos coexistentes: 1. Ocupação militar, em percurso que iria durar até cerca de 1917; 2. Primórdios da economia de plantação.
Permaneço no segundo ponto.
Colonizar os corpos locais significou gerir a sua motricidade. Ao modo de produção de camponeses e guerreiros foi contraposto um modo de produção que tinha nas grandes plantações e no regime de tarefas os seus eixos principais. Os documentos coloniais estão cheios de relatórios e de notas sobre o adestramento dos corpos para produzirem, por exemplo, coco, copra, sisal, algodão e açúcar. 
Prossigo mais tarde.
(continua)

Dossier (2) (Edição de 25/03/2011)

Queira conferir a segunda parte de um dossier com peças do semanário "Savana" datado de 25/03/2011, aqui.
(continua)

A cada um segundo as suas necessidades, a cada segundo o seu Samora (15)

Se é o homem é a medida de todas as coisas, a política é a medida de todos os heróis.
E termino esta série.
Permitam-me recordar o que escrevi no número três da série: deixarei de lado a leitura daltónica habitual - o bom e o mau, o redentor e o ditador, o nacionalista e o comunista -, para me permitir ter em conta três prismas post mortem: o compósito, o nacional útil e o social inconveniente. Por prisma compósito entendo aquele género habitual de enquadramento que atribui a Samora múltiplas coisas, entre virtudes e defeitos; por prisma nacional útil entendo aquele género de enquadramento que exalta o libertador nacional; por prisma social inconveniente entendo aquele género de enquadramento que salienta o transformador social.
Tentei fornecer temas para reflexão. Naturalmente que cada um de nós tem a sua preferência ou as suas preferências em relação aos três primas propostos (provavelmente outros poderiam também ser propostos). Sem dúvida: a cada um segundo as suas necessidades, a cada um segundo o seu Samora. Mas, também, a cada grupo segundo as suas necessidades, a cada grupo segundo o seu Samora  (crédito da foto aqui).
(fim)

Ditos (6)

Sexto dito.
Quanto os problemas sociais podem pôr em perigo a sobrevivência da classe dominante inventa-se um bode expiatório para o qual se desviam os protestos dos insurgentes.
(continua)

Cinco riscos espreitando os jovens cientistas sociais moçambicanos (9)

Prossigo a série.
Escrevi no número anterior que me falta o engenho para moralizar ou propor catecismos científicos. Todavia, tenho por bem que a humildade - uma profunda digamos que humildade operária - deve ser a coluna vertebral do jovem cientista social moçambicano, atento que precisa estar aos cinco riscos por mim sugeridos. Mas atento, também, a outros problemas, afinal riscos eles ainda, dois dos quais vou indicar: (1) a veneração pelos pais fundadores, pelos "clássicos" e (2) a veneração pelos pregadores, pelos proponentes de receitas. 
Vamos ao primeiro problema destas considerações finais.
O nosso trabalho depende, naturalmente, daquilo que foi feito pelos criadores de uma ciência, de uma visão, de um paradigma, de uma luta de teorias. Depende em que sentido? Depende em termos de referências primeiras, de método, de guia, de êmbolo para novos horizontes cognitivos. Porém, os problemas podem começar quando surge a veneração cega e a incapacidadade de produzir fora do perímetro do que foi pensado e escrito pelos pais fundadores, quando transformamos os seus trabalhos em evangelhos, em receitas de culinária científica. Quando, a qualquer momento, não importa a que propósito e em que tema, precisamos invocar o princípio de autoridade do cientista A ou B para passarmos ideias colonizadas pela veneração cega, estamos a cometer o pecado da descerebralização e da auto-infantilização. Este é um pecado que muitos jovens cientistas não só podem cometer quanto prezar em seu afã vassálico. Claro que ao falar dos jovens não esqueço os velhos, como eu. Nem esqueço aqueles que julgam estar, por geração espontânea, imunes ao pecado.
Prossigo brevemente com o tema dos pregadores.
(continua)
Adenda: muito provavelmente os cinco riscos passarão para sete ou, até, para mais, em trabalho a publicar futuramente. Não há mesmo caminho, o caminho faz-se caminhando como escreveu o poeta.

Orwell 2011: rumo a um "estado de vigilância" generalizada na América

Os sinais de uma vigilância generalizada estão à nossa volta - frase de um trabalho de Tom Burghardt, aqui. Para traduzir, aqui.

Produção simbólica de saúde na cidade de Maputo (7)

O sétimo número desta série.
Escrevi no número inaugural que nos mais variados pontos da cidade de Maputo, mas especialmente nas avenidas Kenneth Kaunda e Friedrich Engels, centenas de pessoas correm ou andam diariamente, manhã cedo, fim de tarde, todos os dias, jovens, idosos e meia-idade, homens e mulheres, magros e gordos, produzindo simbolicamente saúde.
O que quero com isso dizer? Quero dizer várias coisas, lançando sempre hipóteses (rigorosamente apenas isso).
Vamos lá a uma sexta coisa. A produção simbólica de saúde tem ainda a ver com o bula-bula e com a revisão da vida comunitária. Na realidade, é frequente as pessoas andarem ou correrem em grupos ruidosos, conversando sobre os mais variados assuntos, revendo as peripécias da vida. Eventualmente o grupo serve como um mecanismo de pressão sobre aqueles mais renitentes às grandes cruzadas motrizes.
Prossigo mais tarde (crédito da imagem aqui).
(continua)

Das mulheres de Bourdieu às mulheres de Touraine (6)

E se, por acaso, as mulheres gostassem mesmo de ser apenas só mulheres? E se gostassem de ser dominadas dominando pela feminilidade? Perguntas bizantinas, decerto, perguntas impertinentes para um certo feminismo masculinizado de hoje, perguntas que me levam a repetir uma série de 2007. Prossigo-a com mais este número.
O mundo das mulheres de Touraine é o mundo das suas vozes escutadas por ele e pela sua equipa - diz, veemente, o sociólogo -, não o mundo de Touraine atribuindo-lhes o que é de regra atribuir: a passividade e o silêncio. Porque, regra geral, é do silêncio das mulheres que falamos (nós, homens) e não do seu pensamento e das suas palavras.
As mulheres de Touraine não querem suprimir as mulheres. Querem apenas sê-lo, femininas sempre.
É a palavra das mulheres contra o discurso sobre as mulheres.
Prossigo mais tarde.
(continua)

A produção de desconforto para conforto social (4)

Escrevi no número inaugural desta série que a produção de desconforto para que haja conveniência e conforto social é um dos mais interessantes campos da vida dos gostos em geral e da ruptura para com o corpo-em-si em particular.
Continuo a tentar partilhar convosco algumas ideias que requerem pesquisa e comprovação.
A terceira ideia é a seguinte: o processo de comutação da natureza em cultura é, essencialmente, um processo urbano, é nas cidades onde, sob gestão das classes burguesas,  nasce e consolida-se - irradiando sempre - a separação plena entre o corpo-natureza e o corpo-cultura.  
Prossigo mais tarde.
(continua)

Notas sobre eleições (12)

No número inaugural desta série que hoje termina, escrevi haver quatro perguntas que poderiam ser feitas a propósito de eleições, a saber: 1. O que é que se disputa nas eleições?; 2. Quando surgem?; 3. São a coluna vertebral da democracia?; 4. São um risco para a democracia?
Procurei fornecer propostas de respostas às quatro questões. A terminar: tenho para mim que o mundo atravessa uma fase de transição muito complexa. Acredito que caminhamos para um mundo diferente cujos contornos não somos ainda capazes de entrever. Pode acontecer que caminhemos, também, para um novo tipo de democracia.
(fim)

Política enquanto produção de ideologia (7)

O fim desta série.
Escrevi no número anterior que a produção interessada da neutralidade é um dos mais interessantes campos de esdudo político. A este propósito e em sintonia com os apologistas do fim da história e das classes sociais e do triunfo definitivo do modo de produção capitalista, não podemos esquecer a multidão de jogos, de temas e de aparelhos que, dia após dia, procuram deslocar os cidadãos das preocupações políticas para a diversão e para a descerebralização.
(fim)

28 março 2011

Magoa profundamente

Magoa profundamente ler a descrição da Rádio Moçambique/Agência de Informação de Moçambique sobre como são tratados os nossos operários na MOZITEX, fábrica de tecidos e costuras situada na Matola e pertença da Aga Khan. Confira aqui.
Comentário: é nestas circunstâncias que vale a pena recordar as numerosas páginas de Marx sobre como se produz mais-valia. Recordar também os piedosos e insistentes pedidos locais no sentido de os trabalhadores não serem preguiçosos e aumentarem a produção e a produtividade para, desse modo, se combater a pobreza segundo uns, a pobreza absoluta segundo outros. Finalmente, recordar os que se espantam quando, em suas muitas veredas, a revolta surge.