28 fevereiro 2015

Será cibereterno

Vivendo no enorme oceano dos cerca de 1,24 bilião de membros do Facebook (cerca de um milhão e quatrocentos mil em Moçambique), cada facebookista procura dizer em sua página que existe, página que é um diário, diário com o seu vibrante confessionalismo público, com os seus amores e ódios, suas alegrias e tristezas, com a sua saúde ou com a sua doença, com as suas viagens, o seu ócio, os seus selfies, enfim com a sua singularidade. É como se replicasse os faraós egípcios e aqui criasse a sua pirâmide digital para afirmar com veemência que, haja o que houver, será cibereterno. [imagem reproduzida com a devida vénia daqui]

Um texto preocupante

O "@Verdade" digital tem um texto preocupante, aqui.

Lançamento em Luanda

Esforços estão em curso para o lançamento no próximo mês em Luanda do livro "Estão as línguas nacionais em perigo?", com a presença de José Pedro de Angola e Bento Sitoe de Moçambique. A editora já enviou para a capital angolana um reforço de 140 exemplares. Brevemente será dado a conhecer o local do lançamento. Recorde aqui.
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Militantes da mão externa

Os militantes da mão externa têm uma teoria clássica: quem não é da casa primordial está ao serviço de interesses estrangeiros. A nível político, os militantes dessa casa defendem que os questionadores, os críticos, são inevitavelmente movidos pela malignidade da mão externa, da tenebrosa mão internacional. Teoria que acaba por criar ódios sem fim no preciso momento em que os seus defensores se proclamam, veementemente, arautos da paz.

"À hora do fecho" no "Savana"


Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1103, de 27/02/2015, disponível na íntegra aqui:
Nota: de vez em quando perguntam-me por que razão o ficheiro está protegido com senha e marca de água. Resposta: para evitar que os ávidos parasitas do copy/paste/mexerica o copiem, colocando-o depois no seu blogue ou na sua página de rede social digital com uma indicação malandra do género "Fonte: Savana". Mas, claro, um ou outro é persistente e consegue transcrever para o word certos textos, colocando-os depois no blogue ou na rede social, mas sem mostrar o verdadeiro elo. Mediocridade, artimanha e alma de plagiador são infinitas.

27 fevereiro 2015

Dhlakama mantém o tom castrense

Segundo a "Lusa" citada pelo "SapoNotícias": "Uma coisa nós não iremos aceitar: se a Frelimo não aprovar este projeto [de criação de regiões autónomas], até que será bom, pois iremos removê-la do poder à força. Perderá tudo, e temos condições para tal", afirmou Dhlakama, falando na quinta-feira durante um comício no distrito de Montepuez, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique." Aqui.

O mais dramático

O mais dramático na blogosfera, nas redes sociais digitais e nos jornais consiste menos no recurso ao anonimato para atacar outrem - quantas vezes de forma vil e cobarde - do que em responder veementemente - quantas vezes de forma desesperada - ao(s) autor(es) desse anonimato. Responder ao anonimato provocador é, afinal, aceitá-lo e, portanto, legitimá-lo.

"Savana" 1103 neste diário

Últimas dos negócios em Moçambique

Cabeçalhos das notícias sobre o mundo de negócios em Moçambique no "Africa Intelligence" com data de hoje, aqui.

Sobre a "guerra do Mulimão" na Zambézia (6)

Sexto número da série. A 14 de maio de 1918 um alto funcionário colonial do então distrito da Zambézia escreveu um ofício para o secretário dos Negócios Indígenas sedeado em Lourenço Marques dando conta de que se podiam percorrer dezenas de quilómetros no distrito  sem se encontrar "um só homem vigoroso" [sic] e que nas aldeias apenas se encontravam mulheres, velhos e crianças. Se não se importam prossigo mais tarde.
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Nota: os dados são retirados de Serra, Carlos, De la gestion des corps à la gestion des mentalités en Zambézia, Mozambique (1890/1983) - rapports de domination, conformisme et déviance politiques, thèse de doctorat en sociologie. Paris: École des hautes études en sciences sociales, trois volumes, 965 pp., vol. 2, p.311 (aqui).

26 fevereiro 2015

Ainda sobre o lançamento de dois números da coleção "Cadernos de Ciências Sociais"


Por quê e para quê tantos visitantes?

Sobre a "guerra do Mulimão" na Zambézia (5)

Quinto número da série. Para fazer face à invasão, o governo colonial distrital (na altura a Zambézia era um distrito) levou a cabo uma conscrição geral de milhares de homens transformados em cipaios e carregadores nas operações militares. As consequências foram terríveis para os lares camponeses. Se não se importam prossigo mais tarde.
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Nota: os dados são retirados de Serra, Carlos, De la gestion des corps à la gestion des mentalités en Zambézia, Mozambique (1890/1983) - rapports de domination, conformisme et déviance politiques, thèse de doctorat en sociologie. Paris: École des hautes études en sciences sociales, trois volumes, 965 pp., vol. 2, p.311 (aqui).

Um exemplo do ministério de Jorge Ferrão

Com o objectivo de encontrar um fio condutor para uma educação de qualidade, ancorada no desenvolvimento humano, o Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano agendou quatro encontros de auscultação com pessoas singulares e entidades públicas e privadas entre os dias  25 do corrente e 08 de Maio, num  total de 45 pessoas por encontro.
O primeiro encontro, tendo Brazão Mazula como moderador, realizou-se ontem, com a presença do ministro Jorge Ferrão e do vice-ministro Armindo Ngunga. Tive o privilégio de ser um dos convidados.
A grande novidade foi a presença de antigos ministros da Educação, que falaram das suas experiências de governação, dos seus métodos e das suas expectativas em relação ao futuro educacional do país.
Uma experiência ministerial excelente que quer avançar com os olhos no futuro sem perder a memória no passado.

25 fevereiro 2015

"Aplicação indirecta da pena de morte"

Ex-bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique, Gilberto Correia, citado pelo "Diário de Moçambique" a propósito das condições de reclusão na Cadeia Central da Beira: “Muitos reclusos morrem nas cadeias ou cumprem a pena e saem da cadeia com uma doença crónica que os leva a morte. A verdade é que em Moçambique não existe pena de morte. Mas mandar as pessoas para as cadeias sem condições adequadas de reclusão, pode significar a aplicação indirecta de pena de morte” – considera a fonte e afirma que a falta de um lugar para sentar é o mínimo que se podia criar." Aqui.

Um exemplo do ministério de Jorge Ferrão

Sobre a "guerra do Mulimão" na Zambézia (4)

Quarto número da série. A 10 de Fevereiro de 1918, o exército alemão atravessou Malema em Nampula, a 16 de Junho chegou a Alto-Molócuè já na Zambézia, a 18 do mesmo mês tomou Mugeba de assalto, a 25 foi a vez de Mulevala, em Julho destruiu as plantações da Companhia do Boror em Nhamacurra. Se não se importam prossigo mais tarde.
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Nota: os dados são retirados de Serra, Carlos, De la gestion des corps à la gestion des mentalités en Zambézia, Mozambique (1890/1983) - rapports de domination, conformisme et déviance politiques, thèse de doctorat en sociologie. Paris: École des hautes études en sciences sociales, trois volumes, 965 pp., vol. 2, pp. 310-311 (aqui).

Dois livros lançados ontem no CCFM

Dois livros da coleção "Cadernos de Ciências Sociais", da Escolar Editora, foram lançados na tarde de ontem no Centro Cultural-Franco Moçambicano, cidade de Maputo, designadamente "Estão as línguas nacionais em perigo?" e "O que é violência social?". Mais desenvolvimentos nas próximas horas.
Adenda às 05:54. Na primeira foto, da esquerda para a direita: Carlos Serra (coordenador e apresentador da coleção), Gregório Firmino (comentador), Bento Sitoe (co-autor de "Estão as línguas nacionais em perigo"), António Eugénio Zacarias (co-autor de "O que é violência social?"), Padre Inácio Lucas (comentador) e Sheique Saíde Habibo (comentador). Co-autores de outros livros da coleção estiveram também presentes, designadamente Júlio Carrilho (arquitectura), Teresa Manjate (literatura), Almiro Lobo (literatura) e João Carlos Colaço (exclusão social).

24 fevereiro 2015

O destino da ambulância

No "Diário de Moçambique" digital: "Uma ambulância da Saúde, que no dia 6 de Janeiro último foi arrastada para um precipício, continua na água faz já 47 dias, na região de Chazia, distrito de Dôa, na província de Tete. Este é um dos impactos negativos das cheias que ocorreram nesta região central do país.[...] As crianças, algumas das quais deixaram-se fotografar, aproveitam a cabina para servir de suporte para o mergulho. Pousam-na e daí fazem os saltos para o fundo da água." Aqui.

Logo à tarde

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Renamo: desobediência civil como estratégia política (14)

Décimo quarto número da série. Termino o ponto 5 do sumário proposto aqui, a saber: 5. Dilemas políticos da PGR e do Estado. E, assim fazendo, termino esta série. A Renamo em geral e o seu presidente em particular são, efectivamente, resistentes: resistem a tudo o que não venha da sua lavra. Resistem, especialmente, à Constituição. Os discursos de Dhlakama são, permanentemente, um questionamento da Constituição. O mais recente exercício de cesarismo à Dhlakama consistiu e consiste em defender publicamente que a Assembleia da República é obrigada a aprovar o anteprojecto que a Renamo deverá apresentar no próximo mês sobre o "governo das regiões autónomas". Caso o não faça, o povo impedirá o Presidente da República de governar - promete Dhlakama em tom violento (aqui e aqui). Esta impugnação cesarista da Constituição, do parlamento e, especialmente, da esfera de actuação do Presidente da República, é, no mínimo, grave. Seguro da força política mediática que ganhou nos últimos meses, autometamorfoseado em vítima injustiçada pela história, autoproclamado herói, o presidente da Renamo parece ter bloqueado por completo a actuação da Procuradoria-Geral da República, ao mesmo tempo que colhe os aplausos entusiásticos de uma parte da intelectualidade local. Estado em geral e PGR em particular estão politicamente manietados, sopesando o risco de uma nova guerra (Dhlakama sabe bem disso e deve sorrir muito com isso) e as preocupações do grande Capital internacional, não estranhando, assim, que a Renamo e Dhlakama possam dizer o que bem lhes aprouver sem que haja impugnação criminal estatal, usando a desobediência civil como estratégia política e a sistemática ameaça de jaquerie por parte de um suposto e fiel povo-escudo dos comícios. E por essa forma se deita, sobranceiramente, no caixote do lixo da história, as tenebrosas recordações de um passado referido e analisado aquiaquiaquiaquiaquiaquiaquiaqui e aqui.
Adenda 1: Do cesarismo de Dhlakama: "O líder do partido Renamo deixa claro que “não há guerra” mas não vai tolerar provocações. “Quero deixar claro aos comunistas da Frelimo se tentarem provocar a Renamo, tentarem disparar para a Renamo, juro pela alma da minha mãe que a resposta não será aqui no norte (...) agora é aquecer lá, nos prédios lá, lá em Maputo onde estão os chefes”. Aqui.
Adenda 2: segundo o "Verdade/Facebook", Dhlakama autoproclamou-se herói. Aqui.
Adenda 3: um muito recente texto do historiador Michel Cahen, em francês, aqui.
Adenda 4: de uma crónica de Sérgio Vieira: "A ideia da divisão e fragmentação da nossa terra iniciou-se com Banda. Em Julho de 1964, na Cimeira do Cairo, ele propôs a Nyerere e a Nasser a entrega da zona centro de Moçambique a Malawi, garantindo então a reconstrução do Império Marave e o acesso ao mar. Ambos chefes de Estado, polidamente, o mandaram passear. Nkavandame e Simango com Gwenjere retomam a ideia em 1968, rechaçada pelo II Congresso. Jorge Jardim volta com a ideia da divisão do nosso país em 1973. Cristina, fundadora da Renamo com o apoio da Rodésia e do “apartheid”, tentaram fazer vingar a velha ideia. Falharam." Aqui.

Sobre a "guerra do Mulimão" na Zambézia (3)

Terceiro número da série. Os tempos eram quase sempre castrenses na história da Zambézia, hoje província, outrora distrito colonial, terra de senhores de terra e de guerra com seus exércitos privados e predadores. As gentes procuravam esquecer o que se passara em 1899, ano em que cerca de seis mil zambezianos foram arrebanhados pelo governo colonial como cipaios e carregadores para a campanha militar colonial contra o Rei Mataca do Niassa e, como consequência, receosos do mesmo destino, outros milhares fugiram para as colónias inglesas vizinhas e para os territórios da Companhia de Moçambique. Procuravam os Zambezianos esquecer a prepotência quando, dezanove anos depois, surgiram os Alemães.
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Nota: os dados são retirados de Serra, Carlos, De la gestion des corps à la gestion des mentalités en Zambézia, Mozambique (1890/1983) - rapports de domination, conformisme et déviance politiques, thèse de doctorat en sociologie. Paris: École des hautes études en sciences sociales, trois volumes, 965 pp., vol. 2, p. 310 (aqui).

Mundo kitsch

É necessário fazer um estudo no país sobre a produção generalizada de trabalhos insólitos, bizarros, facéticos, pitorescos, psicologizantes, prontos-a-consumir, mundo kitsch estrangeiro à realidade dos modos de produção e das relações sociais concretas, mas que passa por fundamental e sábio. O terreno é de estudo é múltiplo: jornais, blogues e redes sociais digitais.

23 fevereiro 2015

Sugestão de leitura

De uma entrevista: "Estes pronunciamentos levantam problemas que podem gerar equívocos perigosos. Há pronunciamentos que põem em causa o Presidente da República." Aqui.

Sobre a "guerra do Mulimão" na Zambézia (2)

Segundo número da série. Uma guerra sobre a qual escreverei um pouco nesta curta série é a "guerra do Mulimão". No imaginário popular da província da Zambézia, designadamente nas pessoas mais idosas, está ainda arquivado o registo da terrível invasão do exército alemão, essencialmente composto por cipaios (os askari). A invasão, ocorrida em 1918, ficou conhecida por "guerra do Mulimão", tal como pude registar em trabalho de campo efectuado entre 1978 e 1982. O seu registo na memória dos mais velhos era tão poderoso ainda nessa altura, que servia de periodizador nas tradições orais da história zambeziana: antes da guerra do Mulimão, depois da guerra do Mulimão. Se não se importam, prossigo mais tarde.

Amanhã

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Treinamento para a obediência

"Uma boa dose de educação e socialização e treinamento para a obediência ajudam. E se você tiver cursado boas escolas, como eu cursei e você também, a sua história foi sendo moldada para a obediência. Para a maioria da população, a educação é uma forma de colocá-la no seu nicho na sociedade e de fazer com que elas não causem problema. De fazer essas pessoas prestarem atenção em outra coisa - esporte, moda, comédias, mas não nos perturbe. Por exemplo, o fenômeno Bill Gates e seus planos para a Internet. Se as pessoas estiverem sentadas na frente de seus computadores, apertando botões para satisfazer formas artificialmente criativas, você não precisa se preocupar." - Noam Chomsky, entrevistado em 2002. Aqui.

No "Savana" 1102 de 20/02/2015, p.19

Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do ratoNota: "Fungulamaso" (abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. A Cris, colega linguista, disse-me que se deve escrever Cinyungwe. Tem razão face ao consenso obtido nas consoantes do tipo "y" ou "w". Porém, o aportuguesamento pode ser obtido tal como grafei.
Adenda: também na rubrica Crónicas da minha página na "Academia.edu", aqui.

22 fevereiro 2015

Índice Global de Terrorismo

Sobre a "guerra do Mulimão" na Zambézia (1)

A história de Moçambique tem sido dolorosamente atravessada por guerras, com o seu cortejo de chacinas, mutilações, violações e destruições de bens de todo o tipo. Perdidas no tempo, ganhas pela pátina depois que os seus actores deixaram o mundo dos vivos, parecem esquecidas, sem consequências, sem traumas transmitidos. Talvez isso não seja verdade, talvez a verdade esteja na dificuldade ou na decisão de não inventariar e prevenir os impactos multilaterais dessas guerras. Para quê? Para as esquecer ou - usando termos mais modernos - para as esconder politicamente em beatíficas amnistias em nome da paz nas quais os assassinos são perdoados e as vítimas relegadas para o destino dos percalços descartáveis da história.

21 fevereiro 2015

Energia de novo no Centro/Norte

Reposto por completo o fornecimento de energia eléctrica ao Centro e Norte do país, após um novo apagão ocorrido ontem. O problema afectava cerca de 350 mil pessoas - "Rádio Moçambique", jornal da noite das 19:30.
Adenda às 09:55 de 22/02/2015: "A Electricidade de Moçambique (EdM) vai aplicar 600 milhões de dólares na construção de uma segunda linha de transporte de energia eléctrica para as regiões centro e norte do país, afirmou o presidente da estatal, Gildo Sibumbi." Aqui.

Na próxima terça-feira

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"À hora do fecho" no "Savana"


Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1102, de 20/02/2015, disponível na íntegra aqui:
Nota: de vez em quando perguntam-me por que razão o ficheiro está protegido com senha e marca de água. Resposta: para evitar que os ávidos parasitas do copy/paste/mexerica o copiem, colocando-o depois no seu blogue ou na sua página de rede social digital com uma indicação malandra do género "Fonte: Savana". Mas, claro, um ou outro é persistente e consegue transcrever para o word certos textos, colocando-os depois no blogue ou na rede social, mas sem mostrar o verdadeiro elo. Mediocridade, artimanha e alma de plagiador são infinitas.

20 fevereiro 2015

Um texto preocupante

No "@Verdade/Facebook" foi divulgado um texto preocupante dizendo respeito a Nacala-Porto, aqui.

Recursos minerais em Moçambique: Capital em debandada?

Cabeçalho de um texto divulgado no portal da "Rádio França Internacional", da autoria de Orfeu Lisboa: "Depois do anunciado "eldorado" após a descoberta de enormes jazidas no Norte e Centro de Moçambique, capazes de banir a pobreza do país, as multinacionais que exploram os recursos minerais estão em debandada, alegando a baixa dos preços dos produtos nos mercados internacionais e a ausência de infraestruturas para o escoamento e exportação dos mesmos." Aqui.

Quer propôr este diário ao TheBobs2015?

Uma vez mais, pelo nono ano consecutivo, este diário entra no concurso do TheBobs. Obteve bons resultados em 2007 e 2008,  para 2008 recorde aqui.  Ficar-lhe-ei grato se o puder propor até 12 de Março, nas categorias que entender serem as adequadas, aqui.
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Amanhã neste diário

Um documento

Sobre a "guerra do Mulimão" na Zambézia

Política e Capital não têm "tribo" (5)

"A categorização dos povos africanos em “tribos” remonta ao período da colonização e ainda hoje pode ser lida nas páginas dos jornais, pois os conflitos africanos chegam às salas de redação do mundo todo com manchetes prontas, geralmente provenientes das agências de notícias norte-americanas ou européias.” Aqui.
Quinto número da série. Prossigo com as hipóteses. A makondização de Filipe Nyusi - ensaiada já com alguma frequência aqui e acolá, por Moçambicanos e estrangeiros - mais não é do que uma tentativa para dar brilho a uma das divisões da chamada identidade africana: a etnia (palavra menos severa do que a antiga tribo). Esta divisão identitária surge como auto-explicando-se, como evidente, como total, como natural, como pura substância que dispensa questionamento. Ou, para usar uma bela expressão de Achile Mbembe, como "celebração da autoctonia". Se não se importam, prossigo mais tarde.

Negócios

Não me parece boa coisa para o mundo científico premiar uma determinada instituição académica pela qualidade dos seus negócios.

19 fevereiro 2015

Eleições 2014: relatório final da UE

Confira, em português, com 74 páginas, o relatório final da missão de observação eleitoral da União Europeia às eleições moçambicanas de Outubro do ano passado, aqui.

Os senhores da guerra

Em epígrafe o título de uma entrevista feita em 2007 ao economista egípcio Samir Amin, aqui.

Renamo: desobediência civil como estratégia política (13)

Décimo terceiro número da série. Entro no ponto 5 do sumário proposto aqui, a saber: 5. Dilemas políticos da PGR e do Estado. Estamos agora confrontados com um ponto muito delicado, um ponto que diz respeito aos problemas políticos enfrentados pela Procuradoria-Geral da República e pelo Estado em geral face ao comportamento da Renamo e, em particular, de Afonso Dhlakama. Um comportamento múltiplo. Se não se importam, prossigo mais tarde.
Adenda 1: Do cesarismo de Dhlakama: "O líder do partido Renamo deixa claro que “não há guerra” mas não vai tolerar provocações. “Quero deixar claro aos comunistas da Frelimo se tentarem provocar a Renamo, tentarem disparar para a Renamo, juro pela alma da minha mãe que a resposta não será aqui no norte (...) agora é aquecer lá, nos prédios lá, lá em Maputo onde estão os chefes”. Aqui.
Adenda 2: segundo o "Verdade/Facebook", Dhlakama autoproclamou-se herói. Aqui.
Adenda 3: um muito recente texto do historiador Michel Cahen, em francês, aqui.
Adenda 4: de uma crónica de Sérgio Vieira: "A ideia da divisão e fragmentação da nossa terra iniciou-se com Banda. Em Julho de 1964, na Cimeira do Cairo, ele propôs a Nyerere e a Nasser a entrega da zona centro de Moçambique a Malawi, garantindo então a reconstrução do Império Marave e o acesso ao mar. Ambos chefes de Estado, polidamente, o mandaram passear. Nkavandame e Simango com Gwenjere retomam a ideia em 1968, rechaçada pelo II Congresso. Jorge Jardim volta com a ideia da divisão do nosso país em 1973. Cristina, fundadora da Renamo com o apoio da Rodésia e do “apartheid”, tentaram fazer vingar a velha ideia. Falharam." Aqui.

O boato da cólera intencionalmente introduzida

No "@Verdade/Facebook": "Este ano, todos os bairros da cidade de Nampula estão a ser assolados pela cólera e a população acusa os voluntários da CVM de principais responsáveis pela propagação daquela doença. [As lideranças locais também estão a ser alvo de amea- ças, por parte de alguns populares. Em Lalaua, três secretários de igual número de bairros foram espancados esta semana, tendo o último perdido a vida a caminho duma unidade sanitária. [Eles são indiciados de espalharem um produto estranho nas comunidades, o que se supõe seja a cólera que fustiga aquela região do interior da província de Nampula desde a semana passada." Aqui.
Adenda: sempre que surge a cólera e apesar dos esforços governamentais de sensibilização e dissuasão, o boato toma curso com consequências frequentemente dramáticas. Sugiro leiam este meu livro aqui, com a capa abaixo:

18 fevereiro 2015

"Quem são, concretamente, os terroristas islâmicos?"

Com o título em epígrafe, um texto de Alfredo Valladão do Instituto de Estudos Políticos de Paris, divulgado aqui.

Sobre o poder

“Um poder não tenta compromissos senão quando já perdeu. Ele não é fraco porque cede: ele cede porque é fraco.” [Sperber, Manès, Psychologie du pouvoir. Paris: Éditions Odile Jacob, 1995, p. 95.]

O risco das generalizações

Extracto de um livro de Simone de Beauvoir: “A condescendência dos adultos transforma a infância numa espécie, cujos indivíduos se equivalem: não havia nada que mais me irritasse. Na Grillière, porque eu comia avelãs, a solteirona que era professora de Madeleine declarou doutamente: “As crianças adoram avelãs!”” (Memórias de uma menina bem-comportada. Lisboa: Bertrand, 1975, p. 63.)

17 fevereiro 2015

Quem é quem no novo governo moçambicano

Confira no Boletim sobre o Processo Político em Moçambique (57), com data de hoje, aqui.

Renamo: desobediência civil como estratégia política (12)

Décimo segundo número da série. Termino o ponto 4 do sumário proposto aqui, a saber: 4. Povo-escudo dos comícios. A ameaça sistemática de jaquerie, referida no trabalho anterior, toma o povo dos comícios como eixo, como veículo, como aval, como escudo. É suposto que basta uma ordem do presidente da Renamo para o povo multiplicar-se em protestos e, dessa forma - ameaçou Afonso Dhlakama -, "aquecer lá, nos prédios lá, lá em Maputo onde estão os chefes".  A ideia que se procura transmitir é a de que o partido Renamo é um mero porta-voz do povo, é o seu altifalante. Se não se importam, prossigo mais tarde.
Adenda 1: Do cesarismo de Dhlakama: "O líder do partido Renamo deixa claro que “não há guerra” mas não vai tolerar provocações. “Quero deixar claro aos comunistas da Frelimo se tentarem provocar a Renamo, tentarem disparar para a Renamo, juro pela alma da minha mãe que a resposta não será aqui no norte (...) agora é aquecer lá, nos prédios lá, lá em Maputo onde estão os chefes”. Aqui.
Adenda 2: segundo o "Verdade/Facebook", Dhlakama autoproclamou-se herói. Aqui.
Adenda 3: um muito recente texto do historiador Michel Cahen, em francês, aqui.
Adenda 4: de uma crónica de Sérgio Vieira: "A ideia da divisão e fragmentação da nossa terra iniciou-se com Banda. Em Julho de 1964, na Cimeira do Cairo, ele propôs a Nyerere e a Nasser a entrega da zona centro de Moçambique a Malawi, garantindo então a reconstrução do Império Marave e o acesso ao mar. Ambos chefes de Estado, polidamente, o mandaram passear. Nkavandame e Simango com Gwenjere retomam a ideia em 1968, rechaçada pelo II Congresso. Jorge Jardim volta com a ideia da divisão do nosso país em 1973. Cristina, fundadora da Renamo com o apoio da Rodésia e do “apartheid”, tentaram fazer vingar a velha ideia. Falharam." Aqui.

O problema

"O problema não consiste em ter opiniões (coisa que as amebas também têm, a fazer fé em Karl Popper), o problema consiste em acreditarmos definitivamente que a realidade é o conjunto das nossas opiniões e que por serem nossas dispensam a investigação empírica." Aqui.

Mudança

Não é por acaso que, ao nível das biografias, por exemplo, ficamos sempre perplexos quando alguma coisa muda ou mudou no comportamento de alguém. Dois ou três traços de personalidade chegam para fotografar para sempre uma determinada pessoa. Teremos tendência em vê-lo como ele era há vinte anos atrás, por exemplo. A mudança significa uma desordem, um desajuste, um mal-estar nos nossos quadros perceptivo-conceptuais, prisioneiros dos hábitos.

Lá no Niassa

Amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato. Em língua yaawokucela significa amanhecer. Sobre a província do Niassa, aqui.

16 fevereiro 2015

No "Savana" 1101 de 13/02/2015, p.19

Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do ratoNota: "Fungulamaso" (abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. A Cris, colega linguista, disse-me que se deve escrever Cinyungwe. Tem razão face ao consenso obtido nas consoantes do tipo "y" ou "w". Porém, o aportuguesamento pode ser obtido tal como grafei.
Adenda: também na rubrica Crónicas da minha página na "Academia.edu", aqui.