30 abril 2015

Xenofobia e shangaanfobia: história e estereótipos na África do Sul e em Moçambique (6)

"Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem. " [Bertolt Brecht]
Sexto número da série. Permaneço no quarto ponto do sumário proposto aqui, a saber: 4. África do Sul 2008, 2010 e 2015, subponto 4.1. Síndrome da história metropolitana. Escrevi no número anterior que os estrangeiros são sistematicamente acusados de roubar os empregos aos sul-africanos. E acrescentei estarmos confrontados com uma crença objectivamente falsa mas havida como subjectivamente verdadeira. Para compreendermos melhor o fenómeno, recuemos na história, tomando como exemplo o nosso país. Faz muito que se emigra de Moçambique para a África do Sul, provavelmente desde 1860/1870. Seja para cobrirem o montante do lobolo, seja para pagarem o imposto (Inicialmente à monarquia do Estado de Gaza, depois ao Estado colonial), centenas, depois milhares de varões moçambicanos, especialmente do Sul do país, criaram a tradição de trabalharem nas minas e nas plantações da África do Sul e, mais recentemente, no comércio, no artesanato, no sector hoteleiro e no emprego doméstico.
Adenda às 06:35: sugiro a leitura do que disse Graça Machel, aqui.

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