31 julho 2016

Novo ataque da Renamo agora no Niassa

Segundo o portal da "Rádio Moçambique", homens armados da Renamo atacaram na madrugada de hoje o posto administrativo de Maiaca, distrito de Maúa, província do Niassa. Saiba o que lá fizeram, aqui. Confira também neste portal aqui. Recorde aqui.
Adenda: Enquanto isso e segundo uma fonte da Frelimo citada pela "Rádio Moçambique", "Cento e oito membros do partido Frelimo foram assassinados nos últimos seis meses pelos homens armados da Renamo, em várias regiões da província de Sofala." Aqui.
Adenda 2 às 18:44: a Renamo não só multiplica os ataques como os amplia em termos provinciais.

Próximos 5 livros da coleção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora" [2]

Eis o próximo 18.º número desta colecção da "Escolar Editora":
Número anterior da série aqui. Amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato. Recorde os 16 números já editados desde 2013 aqui.

Análises faz-de-conta [1]

Em determinados momentos sociais críticos, quando a crise é forte e generalizada, é frequente surgir a esperança milenarista no aparecimento de um césar, um césar capaz de soluções fortes, drásticas, capaz de dar um empurrão ao curso da história levando-a para um futuro radioso, um césar independente dos colectivos e das decisões colegiais, um césar capaz de milagres instantâneos. Quanto mais fracos forem os laços institucionais, quanto mais disseminado for o reverencialismo popular, mais forte é o desejo de ver surgir o césar absoluto, o messias profano. No nosso país há gente diversa à espera de um momento cesarista, autora abnegada de análises faz-de-conta.

Guerra e hermenêutica das valas comuns em Moçambique [21]

Número anterior aqui. Permaneço no sexto e último ponto do sumário [recorde-o aqui], a saber: 6. Sentido múltiplo, generalizações e economias. Escrevi, já, que à retaguarda do espectáculo da massiva preocupação com valas comuns e corpos a céu aberto em fotos de choque, habitavam outros sentidos, genuínos uns, politicamente interessados outros. Entro do primeiro campo de análise sugerido no número anterior, a saber: 1. Medo genuíno da guerra e da morte. Primeiro, o surgimento da notícia [acompanhada de fotos falsas] da existência de uma vala comum com 120 corpos em Sofala e, depois, de notícias sobre cadáveres a céu aberto em Sofala e Manica, deram origem a um generalizado clima de medo da guerra, da violência e da morte. Somos um país que alberga na memória o aguilhão de guerras passadas, uns por as terem vivido, outros por as terem conhecido por relatos das famílias e dos amigos. Por isso não espanta que, a vários níveis, pessoas tenham expressado o quanto as preocupava e magoava saberem de assassinatos bárbaros, em particular quando foram levadas a acreditar numa falsa vala comum não com alguns corpos, mas com 120. Talvez ainda possa ser oportuno e possível estudar o trauma transmitido e vivido. A isso deve acrescentar-se o impacto de um certo tipo de ciberterrorismo, que produzia e produz em permanência relatos de perdas consideráveis de vidas no exército governamental, com o claro objectivo de manter o medo activo e desmoralizador.

Saiba do Niassa


Saiba da província do Niassa lendo o "Faísca", jornal editado em Lichinga, capital provincial, aqui.

30 julho 2016

Segundo RM: Renamo atacou hoje Mopeia

Homens armados da Renamo atacaram na madrugada de hoje a sede distrital de Mopeia, província da Zambézia, com incidência nos postos policial e de saúde. Mataram um preso, queimaram duas viaturas e roubaram artigos [incluindo cortinados e redes mosquiteiras] e medicamentos diversos. - "Rádio Moçambique", noticiário das 19 horas.
Adenda às 18:25: confira um despacho da "Agência de Informação de Moçambique", que salienta que os comandos policiais e as unidades sanitárias têm sido os alvos preferenciais da Renamo nos últimos tempos. Aqui.
Adenda 2 às 20:14: desta vez a "Lusa" não referiu que o ataque esteve a cargo de "supostos homens armados da Renamo" [recorde aqui], mas de "Um grupo de 20 homens armados da Renamo", aqui.

A sedução das generalizações

A pessoa de relevo público X pertence ao grupo Y. Se essa pessoa disser que a vida é complicada, imediatamente certa imprensa escreverá que o grupo Y disse que a vida é complicada. Este tipo de generalização é depois replicado ad infinitum pelos blogues do copia-cola-mexerica e por certos autores de páginas nas redes sociais.

Inscrições até 01 de Novembro


Estendem-se até ao dia 01 de Novembro as inscrições para o Prémio Escolar Editora de Ciências Sociais, confira o regulamento aqui.
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Próximos 5 livros da coleção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora" [1]

Eis o próximo 17.º número desta colecção da "Escolar Editora":
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"À hora do fecho" no "Savana"

Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Seguem-se dois extractos reproduzidos da edição 1177, de 29/07/2016, disponível na íntegra aqui:
Nota: de vez em quando perguntam-me por que razão o ficheiro está protegido com senha e marca de água. Resposta: para evitar que os ávidos parasitas do copy/paste/mexerica o copiem, colocando-o depois no seu blogue ou na sua página de rede social digital com uma indicação malandra do género "Fonte: Savana". Mas, claro, um ou outro é persistente e consegue transcrever para o microsoft office word certos textos, colocando-os depois no blogue ou na rede social, mas sem mostrar o verdadeiro elo. Mediocridade, artimanha e alma de plagiador são infinitas.

29 julho 2016

Próximos 5 livros da coleção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora"

Atenção, irei aqui colocar as capas e contracapas dos próximos cinco livros da colecção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora".

Análises faz-de-conta


Estão as línguas nacionais em perigo?

Três linguistas – Cristine Severo do Brasil, Bento Sitoe de Moçambique e José Pedro de Angola – aceitaram responder à seguinte pergunta: estão as línguas nacionais em perigo?
Não, não estão em perigo, não há risco de linguacídio, respondem no geral os três. Mas podem estar no caso de absolutização de uma língua.
Em países como Brasil, Moçambique e Angola, por exemplo, onde são muitas as línguas e as variantes, estamos confrontados com duas faces, as faces do Jano linguístico, as faces de uma dialéctica delicada: por um lado, os desafios da unidade nacional levam à verticalidade, ao privilegiamento veicular de uma língua, a portuguesa; por outro lado, os desafios da endogeneização conduzem à busca da horizontalidade, da paridade linguística. A exclusão linguística é, hoje, um tema sector nos quadrantes linguísticos.
Entretanto, para lá dos múltiplos desafios que os países enfrentam, tem vida permanente a mestiçagem linguística.
No dia-a-dia, das mais variadas maneiras, as línguas estão cheias de pontes, de portas abertas, de multiplicidade, de absorção, de reinvenções.
No informal da vida, não são nem tradicionais nem modernas. Crioulizadas, estão cheias de duplicidade, de oximoros, de antónimos, de quiasmos, são uma subversão contínua do mundo identitário dos verbos, dos predicados, dos substantivos e dos advérbios. Os verbos estão constantemente a resgatar o devir, bloqueando o ser dos substantivos. O oximoro e a inversão argumentativa são correntes.
Talvez esse possa, um dia, vir a ser um tema na nossa colecção. [introdução minha ao livro com o título em epígrafe e capa abaixo, sinopse aqui; lembre este vídeo aqui]

28 julho 2016

Sobre o Homo Cyber ou Homo Informaticus

"Já o homo cyber é dependente das tecnologias, ele está mais preocupado com os amigos virtuais do que com o universo real. [...] é muito comum você se deparar com grupo de pessoas que se comunicam com todos, menos com quem está do seu lado. [O homo cyber não vive mais sem seu smartphone, ele é escravo da tecnologia. [...] Atualizar minha rede social é mais importante do que um bate papo descontraído com os amigos." - confira aqui [imagem em epígrafe inclusa].
Adenda: sugiro leia um outro texto no qual a expressão é Homo Informaticus, aqui.

Índice Global da Paz 2016

Confira o Índice Global da Paz 2016 do "Institute for Economics & Peace", aqui.

25 de Agosto na AEMO

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27 julho 2016

Sudão do Sul: um país a ser destruído pelos seus líderes

Com o título em epígrafe, um texto de Kuol Mayiir and Andrew Gai inserto no "The African Executive" digital, aqui.

Novo ataque da Renamo

Homens armados da Renamo atacaram e incendiaram ontem em Sofala uma viatura do Instituto Nacional de Acção Social, agredindo e despojando dos seus bens os funcionários que seguiam a bordo. Aqui. Recorde aqui.
Adenda às 11:18: segundo o "Diário de Moçambique", os homens armados mataram um polícia. Aqui.
Adenda 2 às 07:05 de 28/07/2016: novo ataque, desta vez em Inhambane, com espancamento e saque, leia aqui.

A comissão

Foi criada uma comissão parlamentar para investigar a dívida pública, formada por 17 deputados representando as três bancadas, com honorários e direito a um secretariado técnico. Leia aqui.
Observação: em tempo de austeridade, em tempo de graves problemas no país, surpreende que se forme uma comissão com tanta gente e com honorários para além dos salários regimentais.

Cibertempo instantâneo

Em fantásticos espaços, enormes praças digitais, tipo facebook ou twitter, vamos desfilando, feios querendo parecer bonitos, velhos querendo parecer jovens, seres múltiplos querendo parecer não importa o quê, eles-próprios mascarados de eles-segredo, fotos fantásticas escondendo identidades reais, cibercidadãos exibindo feitos, proezas, vitórias, dores, esperanças, ansiedades, sonhos, ditos de outrem. Que distância abissal entre o tempo do telefone com fios e da escrita com máquina de escrever e este cibertempo instantâneo feito de bytes e de arquivos imateriais.

Reescrever o corpo

Alterar partes do corpo, reescrevê-lo, marcá-lo de forma ostensiva, é um campo de reestruturação identitária, certamente o mais decisivo. Não basta vestir o corpo de uma certa maneira, importa também, modificá-lo, reinventá-lo, torná-lo outro sem deixar de ser ele. Piercings e tatuagens são apenas alguns dos modelos a esse nível.

26 julho 2016

Perspectiva sombria

De um relatório: "As acções dos últimos tempos (na realidade começando com a contracção da dívida da EMATUM em meados do 2013) estão a levar a economia moçambicana a um caminho de difícil retorno: falta de divisas, resultando numa aceleração da depreciação, resultando num aumento rápido da inflação, reflectindo-se esse impacto no sector real em forma de encerramento de empresas e queda no índice de emprego, somando a isto o incumprimento de pagamentos da dívida internacionalmente contraída. Isto é começar um caminho de difícil retorno, onde a maioria dos países passam pelo cenário da hiperinflação." Aqui.

Guerra e hermenêutica das valas comuns em Moçambique [20]

Número anterior aqui. Permaneço no sexto e último ponto do sumário [recorde-o aqui], a saber: 6. Sentido múltiplo, generalizações e economias. À retaguarda do espectáculo da massiva preocupação com valas comuns e corpos a céu aberto em fotos de choque, habitavam outros sentidos, genuínos uns, politicamente interessados outros. A preocupação com Tânato era, afinal, múltipla. Vou sugerir três campos de análise:
1. Medo genuíno da guerra e da morte
2. Atractivo dos temas e das fotos de choque
3. Hostilidade múltipla ao Estado

25 julho 2016

Renamo uma vez mais atacou comboio da Vale

Homens armados da Renamo atacaram hoje no distrito de Cheringoma, província de Sofala, cerca das 9:30, um comboio da mineradora "Vale", causando ferimentos graves nos dois maquinistas. O comboio fazia o trajecto Moatize/Beira, carregado de carvão mineral, encontrando-se neste momento imobilizado.- "Rádio Moçambique" no jornal da noite das 19:30, citando o director executivo da Empresa CFM Centro, que disse que as acções da Renamo têm feito diminuir drasticamente a circulação dos comboios da "Vale".
Adenda: este é o segundo ataque este ano, pois em Junho fizeram o mesmo, lembre aqui. O primeiro ataque data de Abril de 2014, recorde aqui.
Adenda 2 às 19:40: para um outro tipo de ataque, seguido de saque, desta feita na província do Niassa, leia aqui.

No "Savana" 1176 de 22/07/2016, p.19

Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato. Nota: "Fungulamaso" (abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. A Cris, colega linguista, disse-me que se deve escrever Cinyungwe. Tem razão face ao consenso obtido nas consoantes do tipo "y" ou "w". Porém, o aportuguesamento pode ser obtido tal como grafei.

Sobre a literatura

Parte da introdução que escrevi para o livro com a capa abaixo: "Na realidade, a análise da literatura pode ora centrar-se no escritor em si - na sua genialidade ou na sua mediocridade - ora no escritor como produto de uma determinada época – na sua fuga estética do social ou na sua busca e na sua recriação do social, no seu “compromisso com o social”, como defendeu Rosália Diogo no seu texto, um compromisso que, porém, na óptica de Teresa Manjate, precisa de reflexão mais profunda. O tema-pergunta deste número tem um vício capital, bem observado por Almiro Lobo no seu texto: o de colocar aos autores o dilema de uma disjunção. Ora, se o “ou” separa, o “e” une e complexifica, se a disjunção é uma porta fechada, a copulativa é uma ponte dando passagem permanente. Cada um dos três autores deste número - Teresa Manjate e Almiro Lobo de Moçambique e Rosália Diogo do Brasil - procurou dialectizar as suas análises, dotando-as de uma leitura complexa, historicizada, arredia da ingenuidade e da superficialidade." Aqui.

24 julho 2016

Saiba sobre Moçambique com Joseph Hanlon

Saiba sobre Moçambique com Joseph Hanlon no Moçambique 333 com data de hoje, aqui.

Uma colecção mundial em língua portuguesa com 16 livros desde 2013

Uma coleção da Escolar Editora [Amplie a segunda imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato]

O verdadeiro desafio

O verdadeiro desafio de uma sociedade democrática consiste não na eliminação da divergência de interesses, mas, antes, como defendeu Paul Ricœur, no inventário dos procedimentos "que permitam que eles se expressem e se tornem negociáveis." [Du texte à l'action. Paris: Éditions du Seuil, 1986, p.404]